Publicações e projectos sobre a comunidade cabo-verdiana na Cova da Moura


Humberto, Jorge (2016) Cova da Moura nos Títulos de Imprensa, Edição de Autor.


O projecto é a edição do livro 'Bairro Cova da Moura nos títulos de imprensa', e tem como base a minha tese de mestrado sob o mesmo tema que defendi em Novembro 2011.
Sendo o bairro da Cova da Moura um território de muita fama, como sabe, este livro é o resultado da análise do conteúdo informativo sobre o bairro nos títulos de imprensa, na tentativa de vermos como é que os assuntos relacionados com o mesmo são retratados na comunicação social.
O estudo incidiu sobre os títulos dos jornais Correio da Manhã, Público e o jornal semanário Expresso referentes a Janeiro de 2006 a Dezembro de 2007 e em 2011 e 2012 para efeitos de comparação. E através deste livro as pessoas poderão: a) ajuizar melhor sobre a imagem que o bairro da Cova da Moura tem no espaço público; b) a importância da imprensa na construção da imagem do bairro; c) constatar através dos resultados quais os temas que mais se destacam. Para além de ser um contributo sério como documento de estudo para futuros investigadores, o livro destina-se ao público em geral que tenha o interesse e a curiosidade em conhecer os factos que estão por trás dos títulos de imprensa, e a relevância do bairro da Cova da Moura como fonte de notícias. 



Marques, Rui Manuel Pereira (2017). Problemas sociais complexos e governação integrada : contributos para um modelo de governação integrada a partir de estudos de caso sobre o Centro Nacional de Apoio ao Imigrante e a Comissão de Crianças e Jovens da Amadora. Tese de Doutoramento, Universidade de Lisboa. Instituto Superior de Economia e Gestão.

A era da complexidade trouxe uma nova categoria de problemas. Os problemas complexos (wicked problems) constituem um novo desafio às organizações, atendendo ao seu perfil multidimensional, multicausal, dinâmico, aberto, interdependente, irrepetível e de evolução imprevisível. Este tipo de problemas colocou em crise as respostas organizacionais assentes no modelo burocrático, que se vocacionava para problemas lineares, aos quais respondia com soluções hierárquicas, em silo, isoladas, sequenciais, rígidas e uniformes. A resposta organizativa que lhe sucedeu, através da ascensão da “Nova Gestão Pública”, também não correspondeu a uma solução mais eficaz, dado que a sua abordagem fragmentada, competitiva e desintegrada, se mostrou igualmente desadequada. “Qual o modelo organizacional adequado face a problemas sociais complexos?”, constitui a pergunta de partida, procurando-se, desde logo, compreender melhor a abordagem a problemas sociais complexos, como a integração de imigrantes e a promoção de direitos e proteção de crianças e jovens em risco ou perigo. O modelo de análise teve como ponto de partida o conceito de “problema social complexo” e como “lente teórica” a Teoria da Vantagem Colaborativa, no âmbito das Relações Interorganizacionais. No centro deste modelo teórico estão as alternativas de modelos organizacionais, entre os quais se destaca o que adiante se designará por “governação integrada”, em contraste com a burocracia e a “nova gestão pública”. A abordagem metodológica seguida foi de natureza qualitativa, nomeadamente através de dois estudos de caso: o Centro Nacional de Apoio ao Imigrante e a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens da Amadora. Utilizou-se a técnica de entrevista semidiretiva (tendo sido realizadas trinta e cinco entrevistas e feita a respetiva análise de conteúdo), e as análises documental e de imprensa (destacando-se, neste caso, a análise de conteúdo de notícias publicadas num jornal de referência sobre os objetos de estudo). Para o tratamento da informação optou-se pela análise de conteúdo e análise quantitativa, usando o Wilder Collaboration Factors Index como referencial para avaliação da dinâmica colaborativa. Do trabalho realizado conclui-se que, para a gestão de problemas complexos, a governação integrada, entendida como construção, manutenção e desenvolvimento de relações interorganizacionais de colaboração é um modelo eficaz e eficiente. Não se ignora, porém, as suas fragilidades intrínsecas e as dificuldades no seu desenvolvimento. De igual forma, a partir da revisão de literatura e dos estudos de caso, procurou-se compreender quais os fatores críticos de sucesso para uma governação integrada, olhando com particular atenção para o modelo de liderança, para a participação das partes interessadas, para a comunicação e para a monitorização/avaliação e, resultando da interação de todos eles, para a geração ou dissipação de confiança. Com o objetivo de aprofundar o modelo de análise inicial, é apresentada uma proposta de Matriz GovInt para abordagem a este modelo organizacional e um conjunto de princípios gerais para o desenvolvimento de governação integrada, inspirado na dinâmica dos sistemas complexos adaptativos.


Cordeiro, Ana Paula (2004) Imigrantes, minorias étnicas e autarquias [Em linha] : intervenção e omissões : práticas políticas no Município da Amadora. Lisboa : [s.n.], 2004. 2 vol.


O trabalho de investigação que suportou a realização da tese de doutoramento em referência teve como principal objetivo analisar e interpretar a ação do poder autárquico direcionada a imigrantes e minorias étnicas em situação de desfavorecimento ou exclusão social, constituindo as práticas políticas implementadas pelo município da Amadora, entre 1979 e 2004, o seu objeto de estudo específico. O enquadramento teórico da pesquisa resultou da confluência e articulação de três parâmetros conceptuais fundamentais: imigração, Estado e integração. O primeiro, a imigração, foi observado na sua dimensão política, como fenómeno que cativa e mobiliza a atenção dos atores políticos, transformando-se em objeto particular da sua ação. O segundo, o Estado, foi considerado na sua dimensão subnacional, muito embora se tomem em linha de conta as relações que estabelece com os planos nacional e internacional do Estado, nos quais se definem, em larga medida, as potencialidades e limitações da sua ação. O terceiro, a integração, foi encarado também na vertente política, como conjunto de ações e omissões intencionalmente levadas a efeito por uma autoridade investida de poder público e legitimidade governamental, com a finalidade de proporcionar aos imigrantes e minorias étnicas as condições necessárias à sua participação nos vários domínios da esfera pública. O modelo de análise adotado no presente estudo centrou-se na identificação e caracterização do tipo de processos executivos das práticas políticas (top-down ou bottom-up), bem como nas lógicas de implementação que lhe estão subjacentes (territorialização ou desterritorialização). No intuito de conferir utilidade a este modelo foram estudadas as práticas políticas implementadas nos domínios da habitação, educação, saúde, cidadania, emprego e formação profissional.
  
Raposo, Otávio (2018) "Sociabilidade, aprendizagem e trocas geracionais: um olhar sobre a noite cabo-verdiana na “Cova da Música”" in Jornada para a noite. Encontro Intercultural de estudos sobre a noite, FLUL/CLEPUL, 16 de Março de 2018.

A partir de uma pesquisa etnográfica realizada na Cova da Moura e noutros bairros do “circuito musical” cabo-verdiano da Área Metropolitana de Lisboa, proponho nesta comunicação refletir sobre as relações colaborativas entre artistas de diferentes gerações e estilos musicais. As sociabilidades e as trocas culturais entre eles, muitas vezes estabelecidas a propósito da partilha de saberes relacionados com os usos das novas tecnologias e a aprendizagem de instrumentos musicais, adquirem uma importância ímpar na construção das identidades sociais e geracionais, mostrando a centralidade da música para os cabo-verdianos na diáspora. Neste processo, a Cova da Moura se transforma na “Cova da Música”, quando entre cerveja e grogue, os corpos apertam-se para dançar ao ritmo das inúmeras bandas que atuam nos cafés ao fim de semana.
(Investigação que faz parte de um projecto mais lato, desenvolvido no ISCTE)
 

Santos, Irene (2014) Construir e construir-se (n)uma associação de bairro : o moinho da juventude, na Cova da Moura. Tese de doutoramento, Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.


A Associação Cultural Moinho da Juventude foi criada pelos moradores nos anos 80 enquanto edificavam, em regime de autoconstrução, o bairro da Cova da Moura (Amadora). As pessoas organizaram-se, então, para estabelecer os arruamentos, obter o saneamento básico, promover actividades para as crianças e apoiar no acesso ao mercado de trabalho. A Associação cresceu, consolidou o seu trabalho e conta atualmente com quase cem pessoas remuneradas, uma multiplicidade de trabalhos desenvolvidos, e o carácter inovador de diversos. Várias pessoas que frequentaram, enquanto crianças, aquele espaço, hoje ocupam ali cargos profissionais e associativos. O texto analisa o carácter formativo do Moinho da Juventude através de um estudo de caso, naturalista e descritivo. Procurei conhecer a formação que acontece no contexto da sua actividade e as articulações entre modalidades de formação, bem como as dimensões individuais e colectivas. A recolha empírica recorreu a: inquérito, observação e análise documental. A pesquisa permite concluir que: – o período longo de tempo de existência da Associação, que atravessa já mais do que uma geração, a realização em grupos marcados pela diversidade dos integrantes, e o lugar à iniciativa, tornam o Moinho um espaço de oportunidade e um dos principais processos formativos pauta-se pela disponibilização das pessoas (de si mesmo1) para novos/outros ‘poder-ser no mundo’; – evidenciou-se a introdução de lógicas de funcionamento comunitário, mesmo que frequentemente sujeitas a pressões por parte de outras organizações. Nota-se uma significativa relação da Associação com entidades estatais, que ocupam um lugar determinante no seu desenvolvimento em termos de enquadramento financeiro e institucional, mas igualmente de legitimação. No entanto, o seu caráter inovador e de autonomia encontram-se na afirmação e na legitimação da lógica comunitária (endógena) em todo o trabalho que ali se efetua; – uma gramática própria parece constituir-se como matriz instituinte daquela que as pessoas que fazem a Associação nomearam como a ‘maneira de trabalhar do Moinho’, que passa pelo estabelecimento de uma relação: com o tempo, com o outro, com o fazer, com a linguagem e com o saber.

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